O futebol é um jogo, uma paixão, uma forma de agregação social, um negócio; e, portanto, também uma ferramenta eficaz para o controlo sobre as massas. Graças à sua capacidade incomparável de criar mitos, ao seu épico intrínseco, este desporto tem sido explorado desde o seu início como uma arma de propaganda ideológica e, mais recentemente, comercial. Os primeiros a perceber seu imenso poder foram talvez os regimes totalitários do século XX, que, na sua ânsia de permear todas as camadas da sociedade, usaram essa disciplina popular como um rudimentar, mas poderoso, instrumento de marketing político. Estas páginas reúnem os episódios mais significativos desta perturbadora simbiose entre o futebol e as ditaduras fascistas; anedotas, feitos - às vezes trágicos e outros bizarros - em que o futebol tem sido usado como venda para cobrir os olhos das pessoas ou como um veículo de doutrinação dentro da estrutura de projetos de propaganda delirantes, concebidos por megalómanos despóticos de todo o mundo.


CRISTÓBAL VILLALOBOS SALAS
É um professor de História, escritor e colunista espanhol. Escreve Atualmente para o jornal Sur e colabora com meios de comunicação como El Norte de Castilla, Zenda, ABC, Panenka, El Español, The Objective ou Jot Down. Foi distinguido no âmbito do Prémio Augusto Jerez Perchet de Jornalismo.

Boaventura de Sousa Santos é um dos mais prestigiados cientistas sociais da atualidade, uma das principais vozes na reinvenção da emancipação social e nome de referência mundial nos estudos da sociologia do direito. No entanto, nem todos conhecem tão bem sua produção poética. 139 epigramas para sentimentalizar pedras é seu décimo e o mais novo livro de poesia, publicado pela editora Poética Edições, para completar quase cinquenta anos de encantamento com as palavras. Nele, Boaventura grita contra a submissão do homem às grandes estruturas sociais e economicas, dando às pedras, as únicas que pensam longamente, conselhos para que não sejam usadas para ferir, mas que sejam libertas, que se sentimentalizem. Ou, ao menos, que não pensem em suicídio, como às vezes fazem os poetas.

estou a verter
uma humidade estranha solta-se dos meus passos
deixa um rastro embaraçante

fui construído para uma lógica estanque
de repente incontinente

deixou de haver lugar para ovos simples e pepinos úteis

sinto-me afectado pelas impurezas da alegria
refugio-me em bordéis desabitados
é preciso começar tudo de novo

ninguém me sabe denunciar tão bem quanto eu

Tecendo o fio que liga o texto à vida, Ana Luísa Amaral convoca-nos para uma paisagem de sons ao compasso dos cheiros, cores que constituem este Mundo: a abelha e a flor em descanso, a mesa e a faca pousada, ou as gentes e as suas interrogações.

Amores de adolescência evocados com serena nostalgia, jovens vistas apenas pelo canto do olho, críticas sobre discos de jazz desconhecidos, um poeta amante de basebol, um macaco que trabalha como massagista nas termas e que fala como gente grande, um velhote que disserta com ar de entendido sobre um círculo com vários centros.
As personagens e as cenas deste aguardado livro de contos contribuem para levar o leitor a repensar os limites entre a imaginação e o mundo real. E devolvem-nos, intactos, os amores perdidos, as relações desfeitas e a solidão, a adolescência, os reencontros e, sobretudo, a evocação do amor, porque ainda que a «paixão se desvaneça, que não seja correspondida, podemos sempre agarrar-nos às recordações de ter amado alguém, de nos termos apaixonado e sido correspondidos», garante o narrador. Um narrador na primeira pessoa que, por vezes, poderia muito bem ser o próprio Murakami.
Estamos diante de um livro de memórias, de relatos com pinceladas autobiográficas ou de um livro exclusivamente de ficção? Como sempre, o trabalho de Murakami raras vezes encaixa numa categoria única e singular. Terá de ser o leitor a decidir.

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