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PARA QUÊ TUDO ISTO? | Biografia de Manuel António Pina Manuel António Pina

By Publicado novembro 05, 2021

No início dos anos 50, o pequeno Manuel António, então com 7 anos, escrevia os primeiros versos. Também costumava sentar-se à mesa com um livro aberto em frente ao prato da sopa e era repreendido por isso. Assim começou uma relação com as palavras, essas crianças grandes, que, com o tempo, se transformou em intimidade e coincidência. Na verdade, essa relação foi uma história de amor, a história de uma vida de palavras, como se fosse um livro, literatura.
Da autoria de Álvaro Magalhães, talentoso escritor que muito bem conheceu Manuel António Pina, Para Quê Tudo Isto? é a biografia do criador, que, ao longo de trinta anos, ergueu uma das maiores e mais originais obras literárias do seu tempo. Mas também nos dá a ler a sua personalidade singular e cativante, o que inclui a arte de faltar a obrigações, ou, pelo menos, chegar atrasado, a disponibilidade para a brincadeira e o riso, o humor desconcertante, a genuína bondade, o talento supremo para a conversa, o lado irascível e furioso ou o insaciável desejo de infância, que correspondia a uma necessidade de recuperação do estado puro do mundo. Sem esquecer as suas facetas mais ignoradas, como as de professor, advogado, guionista, publicitário, ator de teatro, praticante de artes marciais, revolucionário, adepto de futebol ou jogador de póquer.
E, pairando sobre tudo isso, a pergunta que sempre o acompanhava, «uma pergunta numa cabeça,\como uma coroa de espinhos»: «Para quê tudo isto?»
«Ser criança é próprio do homem e escrever para crianças é, no fundo, escrever para aquilo que há de mais humano no próprio homem.»
«Para ele, as palavras eram bem mais do que signos, eram “seres deste mundo, insubstanciais seres, incapazes também eles de compreender, falando desamparadamente diante do mundo”. (…) E as palavras, todas as palavras, adoravam-no – e voavam, deslumbradas, para ele.»
«O Torga nunca me interessou. A sensação que tinha quando lia aquilo era: “Isto é tão fácil.” É uma máquina de fazer poemas. É só carregar num botão. São soluções muito fáceis. O herdeiro daquele tipo de poesia é o Manuel Alegre. Não é poesia mal acabada. Não se pode desprezar. Mas tem soluções muito fáceis. É tudo muito óbvio, até em termos formais.»
«Como o plano da proximidade afetiva falhara, José Sócrates recorreu ao método clássico da compra. E ofereceu a Pina um cargo público de prestígio e bem remunerado: um lugar na administração da Casa da Música. Ele recusou amavelmente, sem hesitação e sem mágoa. Foi uma das decisões mais rápidas e fáceis que tomou na vida. E foi para casa tomar apontamentos para um poema, buscar assunto para a crónica desse dia.»
«Há qualquer coisa inteira, intacta, pura, que os animais (e as crianças, claro) nos transmitem. Cada gato é uma oportunidade de interiorização e sabedoria posta pelo mistério à nossa disposição.»
Manuel António Pina

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