«Escrever, para Ramos Rosa, não é apenas um exercício que se cumpre por uma determinada disposição estética. Muito mais radicalmente, é um programa de vida, uma necessidade vital e ética que encontra no poema uma estratégia que lhe orienta o sentido e os horizontes. Por isso, a questão da poesia é para ele o dispositivo de uma relação com o mundo e de uma experiência do real que tem como sombra uma incompatibilidade essencial entre o homem e a sua palavra, entre o mundo e a escrita como superfície espelhante de reflexos e logros. Daqui nascem os temas maiores da sua obra: a palavra que tem por origem a sua própria impossibilidade, a reflexão imanente da escrita no acto da sua própria feitura.» [António Guerreiro]
ANTÓNIO RAMOS ROSA
Destacado poeta e crítico português nascido em Faro em 1924. Foi militante do MUD (Movimento de União Democrática) e conheceu a prisão política. Trabalhou como tradutor e professor, tendo sido um dos diretores de revistas literárias como Árvore e Cassiopeia. O seu primeiro livro de poesia, O Grito Claro, foi publicado em 1958. A sua obra poética ultrapassa os cinquenta títulos. É ainda autor de ensaios, entre os quais se salienta A Poesia Moderna e a Interrogação do Real (1979-1980). Em 1988 foi distinguido com o Prémio Pessoa. Faleceu em setembro de 2013.
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